sexta-feira, 2 de agosto de 2013


A música “Feijoada completa”, de Chico Buarque, foi encomendada por Hugo Carvana para um filme nacional:Se segura, malandro, em 1977. “Carvana pediu a Chico uma música para uma festa que de certa forma prenunciava a anistia política e a volta ao estado de direito, bandeiras de luta dos movimentos sociais organizados. Como se esperavam para a festa muitas bocas – exilados e, sobretudo, o povo marginalizado-, era necessário “botar água no feijão”.


Um passeio histórico sobre a feijoada

A História da Feijoada

A história de um povo pode ser reconhecida de formas muito diversas e não tem a ver somente com a leitura de antigos livros e documentos empoeirados. O passado está presente nos locais mais incríveis de nosso cotidiano e não é preciso muito para reconhecer isso. Uma das maiores provas dessa afirmação está na cozinha, nos pratos que consumimos diariamente. O ato de comer não envolve uma simples questão de sobrevivência, mas também revela nossa história e um amplo conjunto de experiências vividas por nossos antepassados.
A feijoada é um exemplo bastante interessante disso, sendo rotineiramente consumida em diversas regiões do país e bastante identificada como um dos pratos que ainda definem a culinária brasileira. Para muitos, a feijoada é um prato que mostra uma parte dos desafios que os escravos enfrentavam para sobreviver. 
É a partir dessa situação que muitos explicam a feijoada como uma estratégia de sobrevivência das populações negras do período escravocrata. Segundo essa tese, os donos de escravos consumiam carne de porco e descartavam os restos que consideravam de menor qualidade. Foi daí que, para incrementar sua própria dieta, os escravos recolhiam essas partes “ruins” para fazerem um cozido com as sobras do porco, feijão e alguns outros legumes que tivessem à disposição. Nascia então, desse modo, a deliciosa feijoada que hoje consumimos em vários lugares do país.
Contudo, existem outras questões que devem ser consideradas antes de falarmos que a feijoada é um simples ato criativo dos escravos. Em primeiro lugar, devemos considerar que o acesso à carne era algo nada simples em tempos coloniais. O consumo de carne fresca era restrito às famílias que tinham condições de criar ou adquirir animais próprios para o consumo. Desse modo, seria minimamente estranho que esses privilegiados se dessem ao luxo de desperdiçar algumas partes do animal que ainda garantissem uma mesa farta.
Ao mesmo tempo, devemos lembrar que essa combinação de carnes e legumes cozidos já existia na Europa. Já nos tempos do Império Romano temos relatos de que os povos latinos realizavam esse tipo de mistura para organizar suas refeições. Entre os franceses, o famoso cassoulet, composto por feijão e diferentes tipos de carne, é um evidente amigo da feijoada Os espanhóis também, desde o começo da Idade Moderna, consumiam carne cozida junto com “fabas”, uma espécie de feijão branco.
Essa, ao menos, é a teoria sustentada pelo jornalista Leandro Narloch, autor do livro Guia Politicamente Incorreto de História do Brasil (Leya Brasil, 2009). Segundo Narloch, a feijoada seria um prato oriundo da Europa. "Nem índios nem negros tinham o costume de misturar feijão com carnes", escreve o jornalista. "A técnica é mais antiga: vem do Império Romano". A pesquisa histórica levada a cabo pelo autor indica que os romanos costumavam cozinhar carne com legumes, entre eles o feijão branco. Essa seria a origem de pratos como o cassoulet francês - um ensopado de feijão branco com linguiça de porco e carne de pato. Na região das Astúrias, norte da Espanha, também há uma iguaria desse tipo: a tradicional fabada, que mistura feijão branco com carnes pouco nobres como orelha e rabo de porco.  Diz a lenda que a feijoada é uma invenção 100% brasileira. Ela teria surgido nas senzalas, por obra dos escravos, que tiveram a ideia de cozinhar feijão preto com as carnes desprezadas pelas casas senhoriais. A verdade, contudo, é que ninguém sabe quem inventou o prato. E que sua origem provavelmente está bem longe daqui, lá do outro lado do Atlântico.  O que pode ter sido inventado no Brasil, portanto, não é a feijoada, mas a feijoada de feijão preto - trazido da África nos mesmos navios que transportavam os escravos. A primeira menção ao prato data de 1833. No cardápio do elegante Hôtel Théatre, de Recife, ele aparecia com o nome de "feijoada à brasileira". "Todo prato é uma mistura de influências. Com a feijoada não seria diferente". 
Textos José Francisco Botelho       
 Mais algumas considerações sobre a Feijoada... 


A feijoada era comida dos ricos na época do Império


Existem muitas informações incorretas e duvidosas na internet. Ainda bem que, em relação à história da feijoada brasileira, que é uma instituição nacional, historiadores e pesquisadores acadêmicos estão esclarecendo a população.Ainda hoje existem muitas pessoas que acreditam (por terem ouvido) que a feijoada foi criada nas senzalas pelos escravos, que juntavam os restos de carne que os senhores de engenho e fazendeiros não queriam, tais como a orelha, o pé, o toucinho e outras partes menos nobres do porco. 
Em artigo Feijoada: breve história de uma instituição comestível, publicado na Revista do Ministério das Relações Exteriores, o Prof. Rodrigo Elias (mestre em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Federal Fluminense e doutorando em História Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro) nos traz fundamentos de que a versão da criação de feijoada pelos escravos não passa de uma "bela estória".
Também o Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, publica em 5 de janeiro de 1849 um anúncio em que o botequim da Fama do Café com Leite chama os fregueses para uma bela feijoada à brasileira.

 Fontes:
·         Por Rainer Gonçalves Sousa - Colaborador Escola ttKids
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
·         http://www.professornews.com.br/index.php/educacao/arte-e-cultura/1988-a-verdadeira-historia-da-feijoada
·         Equipe ProfessorNews